BRASÍLIA - O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deixou a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, por volta de 14h30 após prestar novo depoimento. Ele chegou ao local para ser interrogado pouco antes das 11h desta sexta-feira (13) acompanhado do advogado Cézar Bitencourt.

Cid depôs por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que chegou a um mandado de prisão contra o militar, mas revogou a decisão antes que ela fosse expedida. Em vez disso, Cid foi alvo de um mandado de busca e apreensão, cumprido na casa do militar, localizada no Setor Militar Urbano (SMU), em Brasília.

A investigação que levou o tenente-coronel para um novo depoimento mira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que teria atuado para obter a expedição de um aporte português para Cid fugir do Brasil.

Também na manhã desta sexta, mas em Recife (PE), agentes prenderam Gilson Machado, ex-ministro do Turismo no governo de Jair Bolsonaro. Ele é suspeito de integrar um plano de fuga de Cid, delator da suposta trama de golpe de Estado

Em entrevista a jornalistas, Machado alegou que tentou obter um aporte para seu pai. "Não matei, não trafiquei drogas, não tive contato com traficante. Apenas pedi um aporte para meu pai, por telefone, ao Consulado Português do Recife", declarou.

Na terça-feira (10), a PF pediu a abertura de uma investigação contra Gilson Machado, sob suspeita de ter agido para tentar obter um aporte português para o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O objetivo da ação seria facilitar uma eventual saída de Cid do país.  

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favorável ao início da apuração contra o ex-ministro. A PF relatou haver indícios de que ele foi em maio ao Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para viabilizar o aporte a Cid, mas sem sucesso. 

No entanto, a PF apontou a possibilidade de ele procurar outros consulados ou mesmo a Embaixada portuguesa, em Brasília, com o mesmo objetivo. 

Segundo a PGR, há "elementos sugestivos" de que o ex-ministro tenha atuado para "obstruir a instrução” da ação penal que investiga se Cid, Bolsonaro e outros tentaram aplicar um golpe de Estado no país, além de outras investigações, como o caso das joias. 

"Possivelmente para viabilizar a evasão do país do réu MAURO CESAR BARBOSA CID, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, tendo em vista a proximidade do encerramento da instrução processual", completa a PGR.