Na madrugada desta quinta-feira (12 de junho), Israel bombardeou o Irã depois que negociações nucleares entre Teerã e os Estados Unidos de Donald Trump fracassaram. Após o ataque e ameaças de revides do governo iraniano, uma comitiva de prefeitos e autoridades brasileiras, entre elas, o chefe do Executivo de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), precisaram se abrigar em um bunker por precaução.
Os brasileiros viajaram a Israel para participar do Muni Expo/Muni Tour 2025, um evento realizado pela Federation of Local Authorities (Federação de Autoridades Locais, em tradução livre), sobre tecnologias de defesa e segurança pública, que também traz treinamentos na área de desenvolvimento urbano e rural e de liderança. O espaço aéreo de Israel estará fechado, por, pelo menos, três dias, desta forma, a comitiva brasileira está impedida de deixar o país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem tecendo críticas à ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos ocupados. Mais recentemente, Lula classificou a guerra entre Israel e Palestina como um “genocídio” e afirmou que nem mesmo o povo israelense apoia os ataques. Para o presidente do Brasil, o governo de Israel “precisa parar com vitimismo”.
Apesar das críticas, o Brasil mantém relações diplomáticas com Israel há décadas. De acordo com informações da embaixada de Israel em Brasília, o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer o Estado de Israel. A Legação do Brasil em Tel Aviv foi criada em 1951 e elevada à categoria de Embaixada em 1958. Já a Embaixada de Israel no Brasil foi inaugurada no mesmo ano no Rio de Janeiro e transferida para Brasília posteriormente. Em 2010, Israel abriu um Consulado Geral em São Paulo.
Em 2007, Israel assinou o Acordo de Livre Comércio com o Mercosul, que constituiu o país como primeiro parceiro extra-regional a firmar este tipo de pacto com o bloco. O convênio prevê abertura de mercados que cobre, também, comércio de bens, regras de origem, salvaguardas, cooperação em normas técnicas, sanitárias e fitossanitárias, cooperação tecnológica e técnica e cooperação aduaneira.
A relação entre o Brasil e Israel ainda tem histórico de intercâmbio nas áreas técnica, científica e tecnológica. Conforme a Embaixada de Israel, atualmente, há cerca de 300 empresas israelenses no Brasil, voltadas para diferentes áreas, como agrotecnologia, telecomunicações e TI, produtos e tecnologias de segurança, equipamentos médicos, equipamentos elétricos, aviação e veículos aeroespaciais, energia e outras.
Tecnologias israelenses protagonizaram episódios de repercussão no Brasil. No início de 2024, uma operação da Polícia Federal revelou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usava um sistema para espionar ilegalmente desafetos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O software foi adquirido pelo Brasil em 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Trata-se da ferramenta FirstMile, capaz de identificar a “localização da área aproximada de aparelhos que utilizam as redes 2G, 3G e 4G”.
Desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), o programa permite rastrear o paradeiro de uma pessoa a partir de dados transferidos do celular para torres de telecomunicações instaladas em diferentes regiões. A compra custou R$ R$ 5,7 milhões ao governo brasileiro, com dispensa de licitação, e foi utilizada pela Abin até meados de 2021.